As enchentes podem se dar por motivos de rompimento de uma adutora, por abertura ou fechamento de barragens, obstrução acidental de cu...

As enchentes podem se dar por motivos de rompimento de uma adutora, por abertura ou fechamento de barragens, obstrução acidental de curso natural de água, entupimento de galerias e, ainda, o mais comum, pelo grande índice pluviométrico, resultante de fortes chuvas, concentradas ou dispersas, podendo ser citado ainda atitudes ou descasos para com a natureza, como a ocupação de áreas inundáveis, lançamentos de objetos diversos nos cursos naturais de água, desmatamentos indiscriminados e ainda crescimento desordenado das grandes cidades.
Atualmente, quando se fala em inundações em São Paulo, logo vêm à mente as várzeas dos cursos de água dos rios Tamanduateí, Aricanduva, Tiête, Pirajussara, etc. Com a urbanização de suas bacias, o comportamento hídrico dos cursos de água foi se modificando. O microclima da cidade de São Paulo também está sendo alterado por influência de muitos fatores como o balanço do vapor de água, modificado pela substituição de áreas cobertas de vegetação pelo concreto, asfalto, loteamento de terra nua, etc., maior turbulência do ar provocada por edifícios e casa e emissão, cada vez maior, de calor, vapor de água e poluição.
Uma das consequências da alteração desses fatores é o aumento da intensidade de precipitação, principalmente do tipo convectivo, sendo essas chuvas de pequena duração e de grande intensidade, provocando grandes cheias em pequenas bacias, principalmente quando a duração das chuvas for próxima de seu tempo de concentração.
A substituição de áreas verdes por asfalto, concreto e outras coberturas impermeáveis também aumenta o escoamento superficial direto. Por outro lado, a construção de sistema de drenagem aumenta a velocidade de escoamento superficial, reduzindo desta forma o tempo de concentração das bacias e provocando o aumento de picos de cheias. Além destes fatores, que influenciam o aumento do pico de cheias com a urbanização, é importante lembrar o problema dos sedimentos.
A cobertura de ruas e os trabalhos de terraplanagem, inadequados na maioria de loteamentos, servem de focos e erosão, cujos sedimentos são transportados para as várzeas. Nas galerias do curso de inferior do rio Aricanduva, por exemplo, esses sedimentos chegam a obstruir mais de 30% da seção transversal.
Além dos problemas relacionados com microclima, hidrologia e sedimentologia há também, os de natureza hidráulica. Junto as desembocaduras dos corpos de receptores, ocorrem problemas de remanso, provocados pelo elevado nível de água no curso principal como, por exemplo, nos rios Tamanduateí, Aricanduva e outros que sofrem a influência dos níveis de água do Rio Tiête, que provocam remansos nos seus cursos inferiores.
No estirão de remanso a velocidade do escoamento nos trechos inferiores de tributários diminui nos dias de cheia do Rio Tiête, provocando a deposição de sedimentos transportados de montante, a reduz a seção de escoamento e, em geral, aumenta a rugosidade do fundo das canalizações, levando, em muitos casos, à redução da capacidade de escoamento.
Conscientização da População
É fundamental que o poder público conscientize e mobilize a população ribeirinha sobre a necessidade de conviver com as inundações, ainda que tenham sido tomadas todas as medidas estruturais ou não. Essa população precisa ser informada de que sempre é possível ocorrerem enchentes com vazões maiores que aquelas de projeto e que transbordarão das canalizações acarretando sérias consequências.
A colaboração da população ribeirinha é muito importante. Além do não lançamento de lixo e outros detritos nas obras de drenagem, ou nos cursos de água naturais, deve-se pedir ajuda da fiscalização para impedir o lançamento de entulho ou similares.
Deve-se efetuar o treinamento de retirada rápida da população e de bens materiais, nos dias de inundação, com o auxilio do Corpo de Bombeiros e participação ativa da população ribeirinha, para abandono da área em ordem, segurança e rapidez. Ela deve ser orientada no sentido de colaborar no bom uso de logradouros públicos ribeirinhos e auxiliar na fiscalização desses locais, para que não sejam invadidos.
Caminho Natural
As várzeas foram criadas pela natureza para servir de depósito de sedimentos e caminho natural de ondas de cheias. O que não é natural é a sua ocupação indevida, para fins de urbanização. Elas devem ser preservadas, se possível, “in natura” ou destinadas para atividades agrícolas, pastoris, esportivas, etc. Para que se possa conviver com as inundações e se a área de várzea for ocupada por necessidade, os ribeirinhos deverão conviver com a vida própria da várzea principalmente com as inundações, pois em qualquer período de chuvas poderão ocorrer enchentes superiores às adotadas no projeto de obras de melhoramentos.
É praticamente impossível eliminar as inundações devido a aspectos econômicos, financeiros, sociais, ecológicos e políticos. Seria interessante desenvolver, aprovar e executar leis de uso do solo, principalmente no que tange às obras de terraplanagem de loteamentos, para combater na fonte o problema de sedimentos.
Executando-se os fenômenos meteorológicos, a ocorrência e intensificação das inundações têm suas causas principais nas atividades humanas. Alterações substanciais e, de certo modo bruscas, nas características físicas das bacias, ocupação das várzeas e construção de obras hidráulicas, são as principais atividades que acabam modificando o regime de cursos d’água.
Outros Fatores que Contribuem para a Ocorrência de Inundações
1. Diminuição da capacidade de descarga dos canais e galerias causadas por:
- Assoreamento, devido ao aumento da quantidade de material sólido transportado pelas águas, provocado pelas águas, provocado pela aceleração dos processos e pelo lançamento inadequado de detritos, entulhos, etc. Na cidade de São Paulo, foram observadas galerias aonde o assoreamento chegou a reduzir em 50% a seção útil de escoamento;
- Crescimento de vegetação nas margens e no próprio leito;
- Obstruções como pilares de pontes no leito, vãos insuficientes em pontes e passarelas, bueiros subdmensionados, etc.;
2. Represamento de um curso de água provocado por cheia no rio principal ou período de maré alta.
3. Construção de obras hidráulicas no curso de água que alterem o regime do rio, tanto para jusante (retificações, canalizações, etc.), como para montante (barragens).
4. Aumento dos volumes médios escoados nos cursos de águas pela importação de águas de outras bacias adjacentes.
FONTE DE REFERÊNCIA
MANUAL DE SALVAMENTO EM ENCHENTES (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO)