Foi desenvolvida a partir de rigorosos critérios técnicos e operacionais, com o objetivo específico de possibilitar a navegação segura, ...

Foi desenvolvida a partir de rigorosos critérios técnicos e operacionais, com o objetivo específico de possibilitar a navegação segura, eficiente e controlada em cursos d’água caracterizados pela presença de correnteza acentuada, tais como rios com corredeiras, trechos alagados de escoamento rápido e ambientes hidrológicos instáveis, com variações constantes de nível, velocidade e direção do fluxo. Em razão dessas características construtivas e funcionais, consolidou-se, ao longo dos anos, como a embarcação mais adequada e eficaz para operações de salvamento em situações de enchentes, inundações urbanas, transbordamentos de rios e eventos extremos associados a desastres naturais, sendo amplamente empregada por corpos de bombeiros e equipes especializadas em resgate aquático.
Do ponto de vista estrutural, a balsa inflável apresenta um projeto modular e redundante, desenvolvido para maximizar a flutuabilidade, a estabilidade transversal e longitudinal, bem como a segurança da guarnição e das vítimas transportadas. Sua composição é formada por cinco compartimentos infláveis independentes, estrategicamente distribuídos de modo a garantir a manutenção da flutuação mesmo na ocorrência de perfuração ou perda de pressão em um ou mais compartimentos.
Desses, quatro compartimentos correspondem às câmaras laterais, responsáveis por conferir sustentação, rigidez periférica e resistência ao impacto contra obstáculos submersos ou emergentes, como troncos, detritos, estruturas urbanas e rochas. O quinto compartimento refere-se ao piso inflável, elemento fundamental para a absorção de impactos, isolamento térmico, aumento do conforto operacional e preservação da integridade física dos ocupantes, além de contribuir significativamente para a distribuição uniforme da carga e para a estabilidade geral da embarcação.
Essa configuração construtiva confere à balsa inflável elevado grau de confiabilidade operacional, permitindo sua utilização em cenários críticos, onde a falha de um sistema não pode comprometer a missão. Assim, a embarcação alia robustez, leveza, facilidade de transporte e rápida montagem, características essenciais para intervenções emergenciais em ambientes hostis, imprevisíveis e de alto risco, reafirmando seu papel estratégico nas atividades de salvamento em enchentes e operações de resgate aquático de alta complexidade.
Compartimentos da balsa inflável
O piso da balsa inflável possui auto-escoamento ("self-bailing"), ou seja, não acumula água em hipótese nenhuma, uma vez que existem furos na lateral do piso da embarcação que ficam acima da linha d'água. Não se pode confundir tais furos com uma falha do equipamento, uma vez que a contaminação por água poluída do EPI específico é evitada pelo uso (roupa seca para salvamento aquático) e não pelos equipamentos de uso coletivo.
Convém esclarecer que este tipo de embarcação é o mais seguro para o salvamento em enchentes, sendo o mais difundido para este tipo de serviço nos bombeiros de todo o mundo.
Preparação
A balsa inflável para o salvamento em enchentes deve começar a ser inflada pelos compartimento laterais, de maneira parcial e em X (xis), ou seja: deve-se inflar um compartimento lateral sem que se chegue em seu volume total de ar (no máximo 80%) e, em seguida deve-se inflar o compartimento situado na diagonal da balsa do mesmo modo, passando em seguida para os dois restantes e, por último, o piso não se pode esquecer, antes de inflar o bote totalmente, de prender as travas infláveis, que não devem ser confundidas com bancos e servem para travar a estrutura do bote no sentido transversal.
Após, deve-se complementar com a "bomba de pé" o volume total dos compartimentos laterais e piso (quando não se conseguir bombear mais com o pé, é porque chegou-se no limite de ar do compartimento). Tal procedimento visa aumentar a vida útil da balsa, não deformando seus compartimentos.
Método de inflamento em "X"
Inflar a balsa com cilindros de ar respirável é desaconselhável, uma vez que não se tem o controle da pressão e do volume de ar que entra na balsa, o que poderia danificar a estrutura colada da balsa, e devido ao custo que se tem para carregar um cilindro com ar respirável.
Capacidade
A balsa inflável existente na capital de São Paulo tem sua capacidade máxima estabelecida para 04 pessoas tendo em vista o seu tamanho: 10,5 pés. Tal tamanho foi escolhido tendo em vista as características das correntezas que se formam nas áreas alagadas da cidade (classe 2 ou 3 - ver Caderno de Treinamento do POP de Salvamento em Enchentes), cabe salientar que a flutuabilidade da balsa é bem superior a 4 pessoas (chega-se até a 8 pessoas), mas acima deste limite máximo estabelecido perde-se a estabilidade da embarcação.
Condução
Deve ser conduzida por dois bombeiros, sendo que o com mais habilidade na condução deve se posicionar atrás da embarcação e o outro na diagonal à frente.
Posicionamento da guarnição
Deve ser utilizado o remo solitário, que é geralmente em alumínio e plástico e mais curto que o remo utilizado para o barco de alumínio. Dependendo da força da correnteza, pode ser utilizada uma equipe maior (4 homens), cada um com seu remo.
A embarcação deverá ser conduzida com as seguintes vozes de comando:
Frente - Todos deverão remar à frente;
Ré - Todos deverão remar à ré;
Direita ré - Os que estão à direita remam à ré e os que estão à esquerda remam à frente;
Esquerda ré - Os que estão à esquerda remam à ré e os que estão à direita remam à frente; e
Parou - Todos param de remar.
A combinação destes comandos proporciona um perfeito controle da embarcação, porém, somente o Comandante da embarcação (o mais habilidoso e que está atrás na balsa) deve dar as vozes de comando para que haja harmonia na condução, uma vez que se houver mais de um comandante a bordo, corre-se o risco da embarcação não sair do lugar.
Cabe ainda salientar que o treino é imprescindível para a condução com segurança e o sucesso do salvamento, qualquer que seja a embarcação utilizada.
FONTE DE REFERÊNCIA
CESBOM - CENTRO DE ESTUDOS PARA BOMBEIROS
MANUAL DE SALVAMENTO EM ENCHENTES (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO)

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