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Acidente de Trânsito com Vítima Presa em Ferragens

Acidentes de trânsito provocam inúmeras mortes, sequelas temporárias e permanentes. O atendimento realizado pelo Corpo de Bombeiros, co...

Acidentes de trânsito provocam inúmeras mortes, sequelas temporárias e permanentes. O atendimento realizado pelo Corpo de Bombeiros, com guarnições treinadas, funções específicas, materiais e equipamentos adequados, é de vital importância para a diminuição destes tristes números. 

O salvamento em ocorrências de acidente de trânsito com vítima presa nas ferragens é muito complexo, exigindo muita técnica da guarnição que deverá trabalhar em equipe, precisando de controle emocional, para atender pessoas com os mais diversos traumas e abaladas emocionalmente, diante de riscos diversos no local do acidente e quando o fator tempo é primordial. 

Capotamento

Esta situação de alto Stress não pode negligenciar os riscos existentes que exigem cuidados a serem tomados em relação à segurança da guarnição, do local e da vítima. Os integrantes da Guarnição deverão seguir funções específicas, somando-se a experiências adquiridas anteriormente; usando ferramentas em conjunto e trabalhando de acordo com a DOUTRINA DE SALVAMENTO, em que todos trabalham da mesma forma, empenho e dedicação. 

O atendimento desta ocorrência exige do Bombeiro os seguintes conhecimentos: técnicas de entradas forçadas; técnicas de desencarceramento; dos diversos modelos de veículos; conhecimento detalhado das ferramentas, materiais e o seu uso operacional; dos POPs (Preso em Ferragens, Estacionamento de Viatura) e de primeiros socorros. 

Conceitos 

Para a consolidação de uma Doutrina unificada no âmbito do Salvamento em Acidentes com Ferragens, faz-se imprescindível a definição de princípios conceituais sólidos, que sirvam como alicerces metodológicos e orientem, de forma sistemática, as ações operacionais, técnicas e estratégicas desenvolvidas pelas equipes de resposta.

Salvamento Veicular

É uma atividade operacional especializada, voltada para o atendimento de vítimas presas em ferragens ou em situações de risco decorrentes de acidentes com veículos automotores. Sua principal finalidade é garantir a retirada segura e eficaz da vítima, preservando sua vida e minimizando possíveis sequelas, sempre com foco na segurança da equipe de resgate e de terceiros envolvidos na ocorrência.

Essa modalidade de salvamento exige conhecimentos técnicos específicos, domínio de equipamentos hidráulicos e manuais, além de uma atuação coordenada com os serviços de atendimento pré-hospitalar (APH) e de segurança pública. Cada segundo é crucial: o tempo de resposta e a qualidade da intervenção influenciam diretamente nos desfechos da vítima.

O processo inicia-se com a estabilização da cena, passa pela abertura de acessos, desencarceramento, tratamento inicial da vítima, e finaliza com a extração segura e o encaminhamento ao hospital. A análise dos riscos, o uso correto dos equipamentos, e a tomada de decisões rápidas e precisas são fundamentais para o sucesso da operação.

É a ação de: 
a) Localizar - chegar até o local; a procura de vítimas dentro de veículos e identificar a situação, próximo aos veículos acidentados. 
b) Acessar - é a utilização das técnicas de desencarceramento, é chegar até a vítima deixando-a livre de ferragens. 
c) Estabilizar - é o emprego de técnicas de atendimento pré-hospitalar, e a sua extração do interior do veículo. 
d) Transportar - é a condução rápida de uma vítima até o hospital que tenha condições de atendê-la, de acordo com os traumas presentes.  

O Salvamento Veicular é o procedimento usado para localizar, acessar, estabilizar e transportar uma vítima que esteja presa no interior de um veículo, utilizando técnicas de desencarceramento e extração veicular. 

Desencarceramento 

É o conjunto de técnicas e procedimentos empregados por equipes de resgate, com o objetivo de libertar vítimas presas em ferragens após acidentes automobilísticos ou outras situações de confinamento físico.

O termo remete à ideia de "retirada do cárcere", sendo o veículo - deformado e danificado - o local que aprisiona a vítima. Esse processo não se resume apenas à abertura de espaços, mas envolve uma série de etapas meticulosamente planejadas para garantir a segurança tanto da vítima quanto da equipe de socorro.

As ações de desencarceramento incluem, entre outras, o corte ou afastamento de estruturas metálicas, remoção de portas, colunas, teto, vidros e bancos, sempre respeitando os princípios do atendimento pré-hospitalar (APH) e da biomecânica do trauma.

Um dos pilares fundamentais dessa prática é a regra:
"Remove-se as ferragens da vítima, e não a vítima das ferragens."

Essa diretriz visa evitar o agravamento de lesões, mantendo a vítima o mais imóvel possível até sua retirada completa com segurança, preferencialmente após uma avaliação inicial e estabilização no local.

O desencarceramento pode ser classificado em três tipos principais:
- Simples: Quando há apenas obstruções leves ou fáceis de remover, sem necessidade de equipamentos complexos.
- Técnico: Envolve a aplicação de ferramentas e técnicas específicas para expandir ou cortar estruturas do veículo, geralmente sem grande risco estrutural.
- Complexo: Situações de difícil acesso ou de grave comprometimento da estrutura veicular, exigindo manobras mais delicadas, uso intensivo de equipamentos hidráulicos e articulação com equipes médicas para suporte avançado.

Além do domínio técnico, o desencarceramento exige disciplina operacional, coordenação entre os setores de resgate e comunicação eficiente com as equipes médicas, pois cada segundo pode ser determinante na preservação da vida.

Extração 

São procedimentos técnicos e sistematizados empregados para remover, de forma segura e eficaz, uma vítima presa ou confinada no interior de um veículo após uma colisão ou outro tipo de acidente. Esse processo é parte essencial do Atendimento Pré-Hospitalar (APH) em cenários de trauma e visa preservar a vida da vítima, reduzindo ao máximo o risco de agravamento de lesões durante sua retirada.

Guarnição e funções

A extração deve respeitar três princípios fundamentais:
- Segurança da Cena: Garantir a segurança da vítima, da equipe de resgate e de terceiros presentes.
- Estabilização do Veículo: Imobilização completa do veículo acidentado para evitar qualquer movimento que possa comprometer o atendimento.
- Imobilização e Proteção da Vítima: Aplicação de colar cervical, colete de extração (KED), prancha rígida, cintos e outros dispositivos para minimizar deslocamentos da coluna e membros.

Existem diferentes técnicas de extração, que variam conforme o estado da vítima, os danos estruturais do veículo e as condições do ambiente. Entre elas, destacam-se:
- Extração Convencional: Realizada de forma progressiva e controlada, indicada quando a vítima apresenta estabilidade clínica e não há risco iminente no cenário.
- Extração Rápida (ou Emergência): Aplicada em situações críticas, como risco de incêndio, explosão, colapso estrutural do veículo ou deterioração rápida das condições da vítima.
- Extração Assistida: Envolve a colaboração ativa da vítima, quando esta apresenta condições mínimas de mobilidade e consciência.
- Extração por Rebatimento: Consiste na remoção de portas, teto ou outros elementos estruturais do veículo para criar espaço adequado para imobilização e retirada segura.

O processo deve ser realizado em conformidade com os protocolos operacionais padrão (POP) e diretrizes estabelecidas pelos órgãos competentes, como o Corpo de Bombeiros, o SAMU e outras entidades de resgate técnico.

Segurança

Capa, calça de proteção, capacete com viseira abaixada ou com óculos de proteção, bota cano-longo, cinto alemão com machadinha, 3 ( três ) pares de luva de Procedimentos por baixo da luva de vaqueta.

Equipamento de Proteção Individual
 
ATENÇÃO: O bombeiro que fará acesso á vítima no interior do veículo deverá além do EPI descrito acima, estar usando máscara facial e, quando for manipular materiais de primeiros socorros e principalmente Oxigênio Medicinal, deverá fazê-lo com luvas de procedimentos, retirando a luva de vaqueta.

Segurança da Guarnição 
Deverão ser adotadas algumas medidas para proteção da guarnição tais como: 
- Materiais de primeiros socorros; 
- Desligamento da bateria; 
- Sacola de proteção de ferragens; 
- O Cmt da Guarnição deverá, durante a aproximação do veículo, fazer a vistoria interna e, durante todo o atendimento verificar a segurança de cada bombeiro da guarnição; 
Guarnição de UR e USA no local. 

Segurança do Local 
- Extintor de PQS de 12 kg ou uma linha de mangueira pressurizada; 
- Isolamento do local com fita; 
- Viatura posicionada em diagonal protegendo a área de atendimento, com sinais luminosos ligados e sinalizados por cones. 

Uso de extintor em um princípio de incêndio

Segurança da Vítima 
- Cobertores;
- Sacolas de proteção de ferragens;
- Guarnição de UR e USA no local. 

Proteção da vítima com cobertores

Sacolas de proteção de ferragens

Riscos em Potenciais para o Atendimento da Ocorrência

- Colisão contra postes com risco de queda de fiação, transformador e o próprio poste; 
- Colisão contra edificações com risco de queda de estrutura; 
- Vazamento de combustível líquido ou gasoso (GNV); 
- Veículos transportando produtos perigosos; 
- Veículos com risco de queda em depressões; 
- Veículos ocupados por marginais. 


FONTE DE REFERÊNCIA
CESBOM - CENTRO DE ESTUDOS PARA BOMBEIROS
MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO)