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Espuma de Combate a Incêndio

É um agente extintor especializado constituído por um conjunto estruturado de bolhas de ar estáveis dispersas em uma solução aquosa de t...

É um agente extintor especializado constituído por um conjunto estruturado de bolhas de ar estáveis dispersas em uma solução aquosa de tensoativos e aditivos químicos. Esse material é formado a partir da íntima interação entre três elementos essenciais: água, ar e o concentrado espumígeno (extrato formador de espuma), combinados por meio de sistemas proporcionadores e equipamentos geradores que promovem o batimento e a aeração controlada da mistura.

Do ponto de vista físico-químico, a espuma resulta da redução da tensão superficial da água, permitindo que o ar se incorpore à solução e se mantenha aprisionado por películas líquidas que apresentam relativa resistência mecânica. A estabilidade dessas películas é definida pela formulação do concentrado, que pode incluir surfactantes, polímeros estabilizantes, solventes e, dependendo do tipo de incêndio, agentes que promovem comportamento hidrofóbico ou hidrofilicidade específica.

Sua principal característica operacional é a capacidade de flutuar sobre líquidos inflamáveis e combustíveis, devido à baixa densidade resultante da alta incorporação de ar em sua estrutura. Esse comportamento confere ao agente uma performance estratégica: a espuma cobre o combustível, promovendo o abafamento (eliminação do contato com o oxigênio atmosférico) e, simultaneamente, reduz a liberação de vapores inflamáveis. Além disso, cria uma barreira térmica que dificulta o reaquecimento da superfície e protege o combustível de fontes externas de ignição, contribuindo para o resfriamento ao longo do processo.

A versatilidade da espuma permite sua aplicação em cenários críticos como incêndios em tanques de armazenamento, áreas industriais, aeroportos, terminais de distribuição de combustíveis e plataformas offshore. A eficiência do combate depende diretamente da classe de fogo envolvida, do tipo de espumígeno utilizado (como AFFF, AR-AFFF, proteína, fluoroproteína ou espuma para incêndios classe A), da taxa de expansão empregada e da técnica de aplicação (chuva suave, ataque indireto, quicar na parede do tanque etc.).

A espuma de combate a incêndio é um recurso extintor de alta complexidade técnica que opera por mecanismos combinados de abafamento, isolamento, resfriamento e controle de vapores, integrando princípios de engenharia de segurança, química aplicada e táticas operacionais no enfrentamento de incêndios envolvendo líquidos inflamáveis e materiais de difícil supressão.

Características 

Para que uma espuma utilizada no combate a incêndios alcance elevado desempenho operacional, ela precisa apresentar propriedades físico-químicas específicas que garantam sua estabilidade, capacidade de cobertura e eficiência na interrupção do processo de combustão. Esses atributos determinam o comportamento da espuma ao ser aplicada sobre o combustível, sua resistência às condições térmicas adversas e sua habilidade de formar uma barreira contínua que impeça a liberação de vapores inflamáveis e o contato com o oxigênio atmosférico.

A espuma, para incêndio, deve ter determinadas características físicas: 
- Fluidez: a espuma deve cobrir toda a superfície em chamas com rapidez; 
- Resistência Calor: o volume de espuma aplicado tem que ser capaz de resistir aos efeitos destrutivos do calor irradiado pelo fogo remanescente do vapor de líquidos inflamáveis ou de qualquer tipo de material metálico; 
- Resistência ao Combustível: a espuma deve resistir às ações dos combustíveis, não se desfazendo ou perdendo sua capacidade extintora; 
- Contenção de Vapores: a cobertura produzida deve ser capaz de conter os vapores inflamáveis, provocando uma selagem do combustível, minimizando os riscos de um novo incêndio; 
- Densidade Baixa: a espuma deve flutuar sobre o combustível formando uma cobertura; 
- Dupla Ação de Combate a Incêndio: A extinção do incêndio por meio da espuma é feita por isolamento do combustível do ar (abafamento) e resfriamento. 

Atuação de abafamento e resfriamento da espuma.

A espuma flutua sobre os líquidos produzindo uma cobertura que impede o contato com o ar (oxigênio), extinguindo o incêndio por abafamento.  Utilizando-se somente água, a extinção em hidrocarbonetos é muito demorada, pois possuem peso específico tão baixo, que flutuam sobre a água. A extinção em solventes polares (álcool, acetona, metanol, etc), que são miscíveis à água, exige atenção quanto ao aumento do volume, pois pode ocasionar o alastramento do fogo.  

Por isto, em incêndios de líquidos inflamáveis o uso de espuma mecânica é indispensável. O baixo peso específico da espuma fará com que ela flutue sobre o combustível, isolando-o do ar.

Esquema da espuma formada

Os líquidos liberam vapores inflamáveis. A espuma deve ser suficientemente compacta e densa para impedir a passagem desses vapores e evitar reignição. O resfriamento ocorre por intermédio da água que drena da espuma e, portanto auxilia na extinção do fogo.  

Limitações para Uso da Espuma 

Embora a espuma seja um agente extintor altamente eficaz em incêndios envolvendo líquidos inflamáveis, sua aplicação não é universal. Existem cenários em que suas propriedades físico-químicas tornam seu uso inadequado ou até perigoso, especialmente quando o combustível é incompatível com a água presente na formulação ou quando há riscos associados à condução elétrica, contaminação de produtos ou perda imediata de eficiência ao interagir com outros agentes extintores. Conhecer essas restrições é essencial para garantir que a espuma seja empregada com segurança, eficácia e sem gerar consequências indesejadas durante as operações de combate.

Limitações e Restrições de Emprego da Espuma no Combate a Incêndios
- Recomenda-se não usar espuma em materiais que sejam armazenados como líquidos, mas que em condições ambientes são gasosos, tais como o GLP (gás liquefeito de petróleo), o butano, o propano, o butadieno, etc.; 
- Também não são apropriadas para incêndios em líquidos criogênicos (de temperatura muito baixa) e outros produtos incompatíveis com a água, exemplo o carbureto, o magnésio, o potássio, o lítio, o cálcio, o zircônio, o sódio e o zinco; 
- A espuma é boa condutora de eletricidade, portanto, não deve ser usada em equipamentos elétricos energizados; 
- Determinados agentes umectantes e alguns tipos de pós químicos são incompatíveis com as espumas e se utilizados simultaneamente, podem desfazer a cobertura de espuma imediatamente. Portanto, quando se usar simultaneamente dois agentes extintores, deve-se estar seguro que ambos sejam inteiramente compatíveis; 
- O seu emprego pode ser conciliado com a água ou com alguns tipos de pó químico seco, desde que estes sejam aplicados na extinção antes da espuma, que por sua vez complementaria a ação de combate.  
- As espumas em geral e a de alta expansão, em particular, não devem ser usadas para combate de incêndios em materiais oxidantes que liberam suficiente oxigênio para sustentar a combustão como, por exemplo, o nitrato de celulose; 
- Uso da espuma na extinção de incêndios em óleos comestíveis e de fritura bem como em outros processos de produtos alimentares, deve ser analisado com critério, pois a espuma contaminará todos esses produtos inutilizando-os e causando grandes prejuízos, o que poderá ser minimizado com a escolha de outros agentes. 

Espuma Mecânica 

Espuma mecânica é um aglomerado de bolhas formado pela mistura de água, extrato formador e ar. O extrato é adicionado à água através de um aparelho proporcionador, formando a solução (água e extrato). Ao passar pelo esguicho a solução sofre batimento e o ar é, dessa forma, a ela acrescentado, formando a espuma. As características de cada extrato, de acordo com o fabricante, definirão sua proporção na solução (de 1% a 6%). 

Expansão das Espumas 

Expansão é a taxa que compreende a razão do volume de solução utilizado para a formação da espuma e o volume de espuma formada. A solução (ou pré-mistura) pode gerar espuma de baixa, média ou alta expansão. Quanto maior a taxa de expansão, mais leve será a espuma, menor será sua capacidade de resfriamento, e menor será sua resistência. 

Baixa Expansão 
Quando um 1 litro de solução produz até 20 litros de espuma. Espuma pesada e resistente, para incêndios intensos e para locais não confinados.

Detalhes da Espuma de Baixa Expansão. 

Média Expansão 
Quando 1 litro de solução produz de 20 a 200 litros de espuma. Espuma mais leve que a da baixa expansão e mais resistente que a de alta expansão. Pode ser usada para abafar a vaporização de produtos químicos perigosos. 

Alta Expansão 
Quando 1 litro de solução produz de 200 a 1.000 litros de espuma. Sua textura é suave e uniforme e proporciona um ótimo preenchimento, permitindo que ela supere os obstáculos com facilidade.  

É ideal para incêndios em ambientes confinados. É um tipo de espuma sintética,  utilizada para o emprego em espaços fechados como porões, minas, navios e hangares. Nestes locais, deve haver ventilação para que a espuma se distribua de forma adequada. Sem ventilação, a espuma não avança no ambiente. O uso da espuma de alta expansão em espaços abertos pode ser eficiente, mas sofre muita influência e pode ser obstruída pela ação do vento no local.

Detalhes da Espuma de Alta Expansão.


FONTE DE REFERÊNCIA
CESBOM - CENTRO DE ESTUDOS PARA BOMBEIROS
MANUAL DE EMPREGO DE ESPUMA MECÂNICA NO COMBATE A INCÊNDIOS (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO)