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Tipos de Acidentes no Meio Líquido

A atuação em ambientes aquáticos exige conhecimento aprofundado sobre as múltiplas variáveis que influenciam os riscos à integridade fís...

A atuação em ambientes aquáticos exige conhecimento aprofundado sobre as múltiplas variáveis que influenciam os riscos à integridade física e à vida humana. Os acidentes no meio líquido constituem um conjunto de ocorrências multifatoriais que envolvem interações complexas entre fatores ambientais, fisiológicos e comportamentais. São eventos potencialmente fatais que demandam resposta imediata, protocolos de resgate estruturados e intervenções baseadas em evidências científicas.

No escopo desses eventos, destacam-se situações clínicas e operacionais de extrema relevância: os tipos de acidentes aquáticos, a Síndrome da Imersão, a Hipotermia e o Afogamento. Cada um desses elementos possui características patofisiológicas e dinâmicas de risco distintas, que devem ser compreendidas de forma integrada, especialmente por profissionais de resgate, emergência pré-hospitalar e salvamento aquático.

O entendimento aprofundado dessas ocorrências não deve se restringir à superfície conceitual. É imprescindível que operadores do salvamento e da emergência conheçam as bases fisiopatológicas, os sinais clínicos precoces, os fatores predisponentes e as estratégias de intervenção, a fim de mitigar riscos, reduzir a mortalidade e otimizar a cadeia de sobrevivência em ambientes aquáticos.

Síndrome da Imersão

Também conhecida como hidrocussão ou choque térmico, ainda não tem suas causas totalmente explicadas, mas sabemos que ela causa uma arritmia cardíaca, devido a uma súbita exposição à água fria, podendo levar a uma Parada Cardiorrespiratória ( PCR) e consequente morte.

Este tipo de acidente pode ser evitado se antes de entrarmos na água molharmos o rosto. Nos casos de Síndrome de Imersão em que não houve afogamento, deve-se sempre monitorar os sinais vitais da vítima, pois ela pode entrar em colapso a qualquer momento, necessitando então de uma rápida intervenção do socorrista a fim de que sejam restabelecidas suas funções vitais (pulso e respiração).

Hipotermia

É a diminuição da temperatura corpórea devido à exposição a temperaturas acima ou abaixo do ponto de congelamento, podendo causar arritmia cardíaca, seguida de PCR, perda da consciência e consequente afogamento.

Uma vítima pode sofrer de congelamento caso seu corpo perca mais calor do que ele produz. Os casos de morte por hipotermia variam entre 20 a 85%.

Os tipos de hipotermia variam de acordo com a temperatura da vítima, sendo que para se medir a temperatura é necessário que se tenha um termômetro que indique temperaturas baixas, ou seja, que possuam espectro maior do que os convencionais, pois os últimos somente indicam temperaturas entre 35 e 44º C. O termômetro mais indicado é o retal, pois possui espectro entre 28,6 e 44º C.

Na hipotermia suave (acima de 32º C) a vítima apresenta tremedeira, discurso incompreensível, lapsos de memória, mãos atrapalhadas. Devido à queda da temperatura corpórea, teremos uma vaso constrição periférica, o que irá causar a cianose das extremidades e mucosas. Enquanto o congelamento atinge mãos e pés as vítimas de hipotermia queixam-se de dores nas costas e abdome.

Na hipotermia profunda: (abaixo de 32º C) não há tremedeira, ao contrário, ocorre na maioria das vezes o enrijecimento dos músculos (similar à “rigidez cadavérica”). A pele da vítima apresenta uma coloração azulada e não responde à dor. O pulso e a respiração diminuem sensivelmente e as pupilas dilatam-se, aparentando a vítima estar morta. Geralmente entre 50 e 80% das vítimas de hipotermia morrem.

Como sabemos, a temperatura média do corpo varia entre 36 e 37º C, o quadro de hipotermia inicia-se quando a temperatura do corpo cai abaixo dos 35º C, o que pode variar de organismo para organismo.

O socorrista que irá atender vítimas desse tipo de acidente deverá, tão breve quanto possível, aquecer a vítima, conduzir ao PS e sempre monitorar os sinais vitais.

Afogamento

Entende-se por afogamento a aspiração de líquido não corporal causando asfixia, o que pode se dar pela aspiração de água, causando um encharcamento dos alvéolos pulmonares, ou pelo espasmo da glote, que pode vir a fechar-se violentamente obstruindo a passagem do ar pelas vias aéreas, sendo que tais espasmos tão violentos são extremamente raros.

No caso de asfixia com aspiração de água, ocorre uma diminuição ou mesmo a paralisação da troca gasosa, devido o liquido postar-se nos alvéolos, não deixando assim que o O2 passe para a corrente sanguínea, e impedindo também que o CO2 saia do organismo. A partir daí as células que produziam energia com a presença de O2 (aerobicamente), passarão a produzir energia sem a presença dele (anaerobicamente), causando várias complicações no corpo, como, por exemplo, a produção de ácido lático, que vai se acumulando no organismo proporcionalmente ao tempo e ao grau de hipóxia (diminuição da taxa de O2).

Associado à hipóxia, o acúmulo de ácido lático e CO2, causam vários distúrbios no organismo, principalmente no cérebro e coração, que não resistem sem a presença do O2. Soma-se também a esses fatores a descarga adrenérgica, ou seja, a liberação de adrenalina na corrente sanguínea, devido à baixa de O2, o estresse causado pelo acidente e também pelo esforço físico e pela luta pela vida, causando um sensível aumento da frequência cardíaca, podendo gerar Arritmias Cardíacas (batimentos cardíacos anormais), que podem levar à parada do coração. A adrenalina provoca ainda uma constrição dos vasos sanguíneos da pele que se torna fria podendo ficar azulada, tal coloração é chamada de cianose.

A água aspirada e deglutida provoca pequenas alterações no sangue, tais como aumento ou diminuição na taxa de Sódio e de Potássio, além do aumento ou diminuição do volume de sangue (hiper ou hipovolemia), (dependendo do tipo de água em que ocorreu o acidente), e destruição das hemáceas. Com o início da produção de energia pelo processo anaeróbio, o cérebro e o coração não resistem muito tempo, pois bastam poucos minutos sem oxigênio (anóxia), para que ocorra a morte desses órgãos.


FONTE DE REFERÊNCIA
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO)