Atualmente, as normas sanitárias desempenham um papel fundamental na preservação da saúde pública, ao estabelecer diretrizes que visam p...

Atualmente, as normas sanitárias desempenham um papel fundamental na preservação da saúde pública, ao estabelecer diretrizes que visam proteger profissionais e cidadãos contra a exposição a agentes biológicos potencialmente causadores de doenças infecciosas. Essas normas refletem a evolução do conhecimento científico e das práticas de biossegurança, constituindo-se em pilares indispensáveis para a prevenção de surtos e para a contenção de riscos ocupacionais em ambientes de assistência à saúde e de emergência.
Nos Estados Unidos, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) foi uma das primeiras instituições a sistematizar tais medidas, introduzindo o conceito de precauções universais, posteriormente ampliado e aperfeiçoado para precauções padrão. Esse conjunto de procedimentos preconiza que todo fluido corporal, secreção ou excreção humana deve ser considerado potencialmente infectante, independentemente do diagnóstico clínico ou da aparência do indivíduo. O objetivo central é reduzir a probabilidade de transmissão de patógenos como vírus, bactérias e outros microrganismos, especialmente aqueles de alto impacto, como o HIV, o vírus da hepatite B (HBV) e o vírus da hepatite C (HCV).
Com o avanço da globalização e a intensificação da mobilidade humana, tais protocolos foram gradualmente incorporados por organismos de saúde internacionais e adotados como referência normativa em diversos países, incluindo o Brasil. Hoje, as precauções padrão constituem um princípio universal de biossegurança, aplicável em qualquer contexto onde haja risco de contato com material biológico seja em hospitais, ambulâncias, laboratórios ou mesmo em situações de emergência e resgate.
É essencial compreender que qualquer vítima, independentemente de apresentar sintomas clínicos, pode ser portadora de uma doença transmissível. Muitos agentes infecciosos possuem períodos de incubação silenciosos ou infecções assintomáticas, o que torna impossível identificar, a olho nu, quem oferece risco de transmissão. Dessa forma, a única estratégia segura e eticamente responsável é adotar as medidas de proteção em todos os atendimentos, sem exceção.
Esses procedimentos incluem o uso correto de equipamentos de proteção individual (EPIs), a higienização adequada das mãos, o manejo seguro de materiais perfurocortantes, e a desinfecção criteriosa de superfícies e instrumentos. A aplicação rigorosa dessas normas não apenas protege o profissional, mas também garante a integridade da cadeia assistencial e contribui para o fortalecimento da cultura de segurança dentro das instituições de saúde e de emergência.
As normas sanitárias e as precauções universais representam um avanço civilizatório no enfrentamento das doenças infecciosas, fundamentadas na noção de que a prevenção é a forma mais eficaz e ética de cuidado, um compromisso coletivo com a vida, sustentado pelo conhecimento científico e pela responsabilidade social.
Medidas Preventivas para Redução do Risco de Doenças Transmissíveis
Existem diversas recomendações e práticas preventivas que podem contribuir significativamente para a redução dos riscos de exposição a doenças transmissíveis, sobretudo em ambientes de trabalho onde há contato frequente entre pessoas ou com materiais potencialmente contaminados. A adoção sistemática dessas medidas, fundamentadas em princípios de biossegurança e higiene ocupacional, é essencial para preservar a saúde dos profissionais, prevenir a disseminação de agentes infecciosos e garantir condições mais seguras e sustentáveis.
Cuidados Essenciais para a Redução dos Riscos
a) Providenciar vacinação contra hepatite B - um procedimento obrigatório para profissionais de saúde, rotineiro e seguro, que protege contra a infecção do HBV.
b) Ensinar os meios de transmissão das doenças infecciosas pelo sangue e treinar as práticas de segurança, incluindo o uso de equipamento de proteção individual. O treinamento deve incluir questões e respostas sobre as condições dos locais de trabalho de cada um, utilização dos equipamentos de proteção individual, informações e relatos sobre exposições a doenças.
c) Estabelecer procedimentos de segurança no local de trabalho, incluindo o uso de equipamento de proteção individual apropriado, trocas de uniforme, limpeza e segurança dos ambientes e descarte de lixo ou material contaminado (observar rotina de descarte de materiais contaminados nos locais - hospital - que receber a vítima).
d) Abastecer o local de trabalho com equipamentos de proteção individual tais como: luvas, aventais, máscaras e óculos de proteção do tamanho certo e equipamento de ressuscitação cardiopulmonar, incluindo a máscara facial de bolso (Pocket-Mask).
e) Instalar recipientes especiais na UR/USA para descarte de agulhas e outros materiais perfurocortantes, higienização das mãos e rótulos para os recipientes com material contaminado.
f) Providenciar um local para a limpeza do equipamento, separado das áreas destinadas para o preparo de alimentos.
g) Assegurar que há recipientes de descarte apropriados e disponíveis de acordo com a regulamentação local. As luvas de látex e outros materiais utilizados não devem ser largados no local da emergência ou nos ambientes de trabalho.
h) Seguir rotinas de procedimentos quando o socorrista de Resgate se acidentar com material perfurocortante, sofrer quaisquer acidentes com material biológico ou atender vítimas portadoras de doenças infecto-contagiosas. Identificar as causas do ocorrido, documentar o evento e registrar a evolução dos socorristas envolvidos.O socorrista de Resgate também é especialmente responsável pela sua segurança.
Não hesite em sugerir mudanças ou melhorias necessárias. Aprenda a colocar, tirar e usar corretamente o equipamento de proteção individual. Você deverá mantê-lo limpo para proteger a vítima e a si mesmo. Você também deverá aprender como e onde deixar corretamente todo o material utilizado, os recipientes para roupas sujas e como eles são rotulados. Em acréscimo, é importante que todo o equipamento reutilizável seja limpo ou desinfetado com sabão e água e/ou solução desinfetante. Você deve aprender e entender a necessidade de praticar esses procedimentos de controle de infecções para reduzir o risco de contaminação. Esses procedimentos são baseados nas normas sanitárias e é sua responsabilidade, como socorrista, praticá-las.
Algumas situações que podem colocar o socorrista em risco de contrair doenças infecciosas. A experiência tem demonstrado que o socorrista frequentemente está exposto a situações imprevisíveis, incontroladas, perigosas e que colocam em risco sua vida. Muita coisa pode acontecer numa emergência. Efetuando uma prisão, ajudando a vitima de enfarte, retirando uma criança de um edifício em chamas, apartando uma briga, ajudando no nascimento de um bebê. Cada situação tem seu potencial de risco de exposição às doenças infecciosas. Numa situação de emergência o socorrista precisa usar o bom senso, seguir as normas sanitárias e os procedimentos de proteção.
Segurança e Conscientização
O objetivo central deste conteúdo é ampliar o conhecimento e a conscientização dos profissionais de emergência quanto às precauções indispensáveis à prevenção de doenças infecciosas. Trata-se de um tema de extrema relevância, considerando que os socorristas, bombeiros e demais agentes de resgate frequentemente atuam em ambientes imprevisíveis e de alto risco biológico, onde o contato com fluidos corporais, sangue, secreções e materiais contaminados pode ocorrer de forma súbita e inevitável.
A difusão de informações técnicas e atualizadas sobre os principais riscos de contaminação constitui um passo essencial para fortalecer a cultura de segurança e promover práticas mais conscientes e responsáveis no atendimento pré-hospitalar e nas operações de salvamento. Dessa forma, o conteúdo busca oferecer subsídios teóricos e práticos que auxiliem o profissional a reconhecer situações de risco e a aplicar, de maneira sistemática, as medidas de proteção recomendadas pelos órgãos de saúde e segurança ocupacional.
- Dando informações básicas sobre os quatro principais riscos de doenças para os socorristas de resgate;
- Apontando as medidas de proteção.
FONTE DE REFERÊNCIA
MANUAL DE SEGURANÇA NO SERVIÇO DE BOMBEIROS (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO)